terça-feira, 8 de março de 2011

Motivos para Comemorar

Parabéns cidade de Marília! Parabéns cidadãos marilienses! Parabéns gestores, administradores e governantes de Marília!
A prefeitura de Marília tem distribuído entre a população um informe que, segundo dados da FIRJAN (Federação das Indústrias do Rio de Janeiro), a cidade de Marília obteve um ótimo desempenho dentre os 5.564 municípios do país, alcançando a 7ª posição no índice de desenvolvimento no ano de 2007. Esse índice é medido levando em consideração três fatores: educação, saúde, emprego/renda.
Falando sinceramente, fico com pulgas atrás da orelha quando a nossa realidade é expressa em números, principalmente em alguns dados estatísticos. A sensação de melhoria, segurança, conforto e etc., não é mensurável, não podemos quantificá-la.
A cidade vai bem. Dependendo do ponto de vista em que olhamos, certamente estará bem para alguém, agora é papel nosso nos perguntarmos e questionarmos: vai bem para quem? Muitos cortes estão sendo feitos, é a chamada contensão de custos, belo nome para corte de gastos, ou pior ainda, corte dos investimentos. Promete-se muitos investimentos para o ano de 2011, mas os problemas continuam aí e não vemos mobilização e francamente, não devemos esperar muito para esse ano e o próximo.
Correndo o risco de cometer um erro, continuo supondo que essa panfletagem não passa de propaganda que está pegando carona na pesquisa desenvolvida pela FIRJAN. O melhor do pior, pois a situação dos municípios brasileiros não tem nada de que possamos nos orgulhar, não é tão difícil se destacar em meio a tantos problemas, melhor é aqueles que os têm em menos quantidade, o que segundo a pesquisa é o nosso caso. Parece muita coincidência, e é também bastante conveniente o surgimento e panfletagem dessa notícia sobre o bom desempenho da cidade de Marília, no que diz respeito ao desenvolvimento. Como está bem claro, esse desempenho se deu na administração 2005/08, quando ainda havia a expectativa de uma reeleição. Era a época das obras, pelo menos o início delas, a época dos investimentos. Administração e sociedade andavam enamoradas naquele tempo. Além do mais, o resultado dessa pesquisa foi divulgado em setembro de 2010, uma pergunta que não me quer calar: quais são os motivos dessa notícia ser trazida ao público somente agora, cinco meses depois?
Li em algum lugar que chamam isso de técnica do holofote. Destaca-se excessivamente apenas um acontecimento, uma cena que se dá dentro de um todo, para que o restante fora dessa cena não seja percebido, ou seja, mostra-se com muita ênfase o assunto no qual se quer que todos prestem a atenção, para que este seja tomado como uma realidade, sendo que é apenas um aspecto da realidade. Enfim, com essa técnica, os governantes deixam de iluminar e consequentemente mostrar toda a verdade dos fatos. Só para salientar, essa técnica era bastante usada e foi difundida pelos regimes fascistas.
Havia no Bosque Municipal, um evento chamado Domingo no Bosque. Todo domingo havia uma apresentação musical (todos os gêneros musicais), algodão doce e brinquedos (pula-pula, tobogã e piscina de bolinhas) para a criançada. Pois bem, esse programa dominical foi cancelado por tempo indeterminado, é a tal da contensão de custos. Não sei os caros leitores, mas a maioria dos bairros que percorro, costumo encontrar várias ruas esburacadas, algumas até intransitáveis. Asfalto bom mesmo só encontramos nas ruas e avenidas principais, nos lugares estratégicos. Sem falar ainda do Teatro Municipal que se encontra “em reforma” há alguns anos, isso para não dizer parado, abandonado. Dizem que as obras serão retomadas esse ano, mas que reforma é essa que terá a duração estendida por três anos?
Por esses e tantos outros motivos é que precisamos analisar a obra como um todo, o conjunto da obra, não podemos nos deixar levar por um acontecimento que não reflete esses seis anos de administração. Quem irá dizer se essa administração foi boa ou não, não será nenhum órgão de pesquisa, mas somente nós habitantes e cidadãos marilienses.

domingo, 6 de março de 2011

Buracos

Com certeza muitos de vocês, meus caros leitores, já andaram reparando e até talvez se indignando com os milhares de buracos que se multiplicam nas ruas da nossa cidade. É só darmos uma breve caminhada, não precisamos ir tão longe, apenas nos afastando um pouco das ruas centrais da cidade já nos é o suficiente para presenciarmos a buraqueira em que se encontram as ruas de Marília. Isso porque não estou entrando no mérito de falar sobre a possibilidade de ocorrência de acidentes, da lentidão do trânsito e por aí vai.
Não estou aqui, tentando preencher espaço escrevendo sobre esse assunto por não ter outros temas mais importantes da cidade para tratar. Mas essa questão se tornou demasiado absurda, que não vejo outra possibilidade que não seja a de “colocar a boca no trombone”. Tenho plena consciência de que poderia aproveitar o espaço que me foi concedido para tratar de assuntos mais relevantes como educação, saúde, segurança, trabalho, enfim, coisas mais prioritárias. Por esse motivo, aproveito até para me desculpar, no entanto, não posso deixar de atentar ao problema, pois, por mais clichê que seja a questão dos buracos para tantas outras cidades, o que não podemos permitir é a banalização do princípio implícito nos buracos.
O buraco por ele mesmo não é nada, é mais uma ocorrência devido ao desgaste e às intempéries que se dão ao longo do tempo, tudo o que é matéria está sujeito a esse desgaste. Por outro lado, a significação, ou melhor, a simbologia que o buraco traz consigo, essa sim devemos nos preocupar. Para cada buraco que aparece nas ruas, aumenta-se uma gota no desrespeito e no descaso que o governo municipal tem por nós. Tais ruas estão esburacadas, mas não tem problema, os moradores desses bairros não costumam se manifestar diante daquilo que os incomodam. Essa é a lógica que os maus administradores costumam seguir, se nós não nos opomos a isso, quer dizer que está tudo bem para nós, que não vemos nenhum problema. Temos que ter em mente que, quando o governo municipal nos presta um serviço – por isso são chamados de servidores públicos –,esse serviço não nos é um favor, é um dever que estes têm para com a população, uma vez que pagamos esse e tantos outros serviços através de altos impostos, pagamos os seus salários, somos, sem o temor da palavra, os seus patrões, por isso temos o direito e o dever de cobrar um serviço de qualidade.
Entendo também que nesse período de chuvas a incidência de ruas que se esburacam costuma ser maior. Mas isso não pode servir de desculpas para a não manutenção das ruas por vários motivos. Muitos dos buracos que hoje encontramos, estão aí há “séculos”, o tempo de vida útil do asfalto já atingiu o seu limite, ou achavam que bastaria apenas asfaltar uma única vez e nunca mais fazer quaisquer tipos de reparo? Tiveram muito tempo para a manutenção das ruas, até parece que foi esperado chegar o tempo das chuvas para poderem dizer ao povo que: “─ Não arrumamos porque a chuva não deixa, mas assim que esta parar, tomaremos as devidas providências”. Não basta também a chamada operação tapa buracos, pois esta funciona como se tampasse uma ferida feita à bala com aqueles curativos bandaid que encontramos nas farmácias.
Quando criaremos o hábito de que não estamos pedindo favores quando queremos uma saúde e educação de qualidade, e nesse caso uma rua descentemente asfaltada? Quando iremos parar de ter medo de exigirmos os nossos direitos?