domingo, 6 de março de 2011

Buracos

Com certeza muitos de vocês, meus caros leitores, já andaram reparando e até talvez se indignando com os milhares de buracos que se multiplicam nas ruas da nossa cidade. É só darmos uma breve caminhada, não precisamos ir tão longe, apenas nos afastando um pouco das ruas centrais da cidade já nos é o suficiente para presenciarmos a buraqueira em que se encontram as ruas de Marília. Isso porque não estou entrando no mérito de falar sobre a possibilidade de ocorrência de acidentes, da lentidão do trânsito e por aí vai.
Não estou aqui, tentando preencher espaço escrevendo sobre esse assunto por não ter outros temas mais importantes da cidade para tratar. Mas essa questão se tornou demasiado absurda, que não vejo outra possibilidade que não seja a de “colocar a boca no trombone”. Tenho plena consciência de que poderia aproveitar o espaço que me foi concedido para tratar de assuntos mais relevantes como educação, saúde, segurança, trabalho, enfim, coisas mais prioritárias. Por esse motivo, aproveito até para me desculpar, no entanto, não posso deixar de atentar ao problema, pois, por mais clichê que seja a questão dos buracos para tantas outras cidades, o que não podemos permitir é a banalização do princípio implícito nos buracos.
O buraco por ele mesmo não é nada, é mais uma ocorrência devido ao desgaste e às intempéries que se dão ao longo do tempo, tudo o que é matéria está sujeito a esse desgaste. Por outro lado, a significação, ou melhor, a simbologia que o buraco traz consigo, essa sim devemos nos preocupar. Para cada buraco que aparece nas ruas, aumenta-se uma gota no desrespeito e no descaso que o governo municipal tem por nós. Tais ruas estão esburacadas, mas não tem problema, os moradores desses bairros não costumam se manifestar diante daquilo que os incomodam. Essa é a lógica que os maus administradores costumam seguir, se nós não nos opomos a isso, quer dizer que está tudo bem para nós, que não vemos nenhum problema. Temos que ter em mente que, quando o governo municipal nos presta um serviço – por isso são chamados de servidores públicos –,esse serviço não nos é um favor, é um dever que estes têm para com a população, uma vez que pagamos esse e tantos outros serviços através de altos impostos, pagamos os seus salários, somos, sem o temor da palavra, os seus patrões, por isso temos o direito e o dever de cobrar um serviço de qualidade.
Entendo também que nesse período de chuvas a incidência de ruas que se esburacam costuma ser maior. Mas isso não pode servir de desculpas para a não manutenção das ruas por vários motivos. Muitos dos buracos que hoje encontramos, estão aí há “séculos”, o tempo de vida útil do asfalto já atingiu o seu limite, ou achavam que bastaria apenas asfaltar uma única vez e nunca mais fazer quaisquer tipos de reparo? Tiveram muito tempo para a manutenção das ruas, até parece que foi esperado chegar o tempo das chuvas para poderem dizer ao povo que: “─ Não arrumamos porque a chuva não deixa, mas assim que esta parar, tomaremos as devidas providências”. Não basta também a chamada operação tapa buracos, pois esta funciona como se tampasse uma ferida feita à bala com aqueles curativos bandaid que encontramos nas farmácias.
Quando criaremos o hábito de que não estamos pedindo favores quando queremos uma saúde e educação de qualidade, e nesse caso uma rua descentemente asfaltada? Quando iremos parar de ter medo de exigirmos os nossos direitos?

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